LUANA DE OLIVEIRA
As histórias das mulheres negras brasileiras possuem relatos parecidos: na juventude alisava os cabelos e na idade adulta, vão em busca de assumir o crespo e os cachos.
Desde a infância, quebrando tabus e conceitos, lutando e derrubando barreiras, para ter seu lugar na sociedade, às vezes sem referências de mulheres pretas, chegando à conclusão então, que nós somos essa referência.
Por isso, quando assumimos a nossa negritude, muitas pessoas ficam contra, principalmente pelo fato de acharem que uma mulher negra com uma posição melhor, tenha que se embranquecer, e não entendem então, uma mulher negra, doutora com blackpower e dreads loiros.
No Brasil, existem muitas mulheres negras extinguindo estes padrões de beleza criados desde a antiguidade por pessoas de alta classe brancas e de cabelo liso, estão desconstruindo estes discursos e conceitos, e se assumindo, aceitando e mostrando todo o seu poder.
Um exemplo a ser citado, é o da atriz negra Tais Araújo, que em muitos papeis na teledramaturgia aderiu a cabelos lisos e escovados, seguindo os padrões de beleza impostos pela mídia e sociedade. Foi à primeira atriz negra a ser protagonista de uma telenovela brasileira, tornou-se conhecida internacionalmente e já foi até considerada um dos rostos mais lindos do mundo. Ela pode ser considerada uma das personagens femininas negras que quebraram padrões patriarcais, e mostrou o poder das mulheres, principalmente, por ter quebrado o tabu de apenas mulheres brancas fazerem papeis de protagonista nas novelas, e as mulheres negras de empregadas domésticas. Atualmente a atriz interpreta Michele no seriado Mister Brau, e serve de inspiração para outras mulheres negras, pela sua atitude, estilo exuberante e nada discreto, com um figurino cheio de cor e estamparia, muitos acessórios, brincos e colares enormes. Ela pode ser biografada em um livro de literatura infantojuvenil por ter uma personalidade forte e conhecida em todo Brasil, assumir com orgulho a sua negritude e defender o empoderamento das mulheres e a valorização da cultura e do povo negro, discutindo a beleza negra, ensinando as crianças a se aceitarem, reafirmando seus valores, construindo referências éticas e estéticas.