segunda-feira, 8 de setembro de 2014

a arte de contar historia no seculo XXI

A arte de contar historia no século XXI: tradição e Ciberespaço do ano de 2006 lançado pela editora Petropolis, RJ de Cléo Busatto tem como orelha “os contadores de historias de que se fala neste livro têm tanto a ver com as fogueiras pré-historicas quanto com a luz da tela do computador.temas como oralidade e performance,  tradição e ruptura, arte e imaginário são aqui repensados a partir de um ponto de vista singular, provocativo e cheio de frescor.
Quem são os narradores que hoje aparecem por todo lado nas grandes cidades do Brasil- em escolas, feiras, bibliotecas, hospitais, teatros? Que  buscas eles representam? De que necessidades pessoais, sociais e culturais eles brotam? O que há de comum entre eles?
Este livro, de pesquisa poética, muito ajuda a entender por que hoje, na contracorrente da aceleração tecnológica, tantas pessoas conseguem criar espaços no cotidiano em que possam ouvir e contar historia. Ajuda também a trazer legitimidade ao tema da narração oral no espaço da cultura urbana contemporânea. Cléo Busatto, alem de atriz, escritora e criadora de projetos pioneiros de narração oral em suportes digitais, é também (e talvez primeiramente) uma narradora das mais inspiradas. Daí a voz leitora, cheia de poesia, que marca o texto”.
Desta obra a parte que foi estudada durante o curso foi o capitulo três que tem como tema a contação de historia no século XXI: um encontro mediado pelo suporte digital, por muito tempo as historias só eram contadas em rodas de contação, a partir da era digital esta pratica tornou algo mais fácil, pois tempos historias em DVD’s áudio book enfim uma infinidade de suportes que possa passar a historia, é claro que com isso as obras sofre alterações, pois muda a entonação, as pessoas acaba adaptando os textos enfim. Foi citado também a historia de Joãozinho e Mariazinha que está no livro como anexo:
Joãozinho e Mariazinha
Era uma vez um casal que tinha muitos filhos. Eles eram tão pobres que faziam fogo no chão e ao redor do fogo faltava lugar para duas crianças: Joao e Maria. Certo dia o pai chegou e disse:
-vocês vão passear comigo. Vamos buscar mel-de-pau na floresta.
Quando chegaram lá, ele continuou:
-agora vocês ficam aqui quietinhos e esperam por mim. Eu vou atrás de uma colmeia e volto logo. Quando escutarem eu batendo na madeira, vocês vão ao meu encontro.
Mas o pai mentiu para as crianças. Ele amarrou um porongo na copa de uma arvore, e quando o vento batia nos galhos e fazia dooommmmmm, dooommmmmm, dooommmmmm. As crianças ouviram o barulho. João disse para a irmã:
- escute só. É o papai tirando mel-de-pau.
As duas crianças seguiram o som e ao chegar no local não encontraram o pai, percebemos que o barulho vinha do porongo amarrado na arvore. Elas se deram conta que foram abandonadas na floresta. Avistaram uma fumaça subindo da chaminé de uma pequena casa. Foram até lá e através da vidraça enxergaram uma velha que assava biscoitos. João pegou um pedaço de pau, quebrou a ponta de forma a fazer uma espécie de gancho. Enfiou o pau pela chaminé até alcançar o forno e assim conseguiu pegar vários biscoitos, que ele e a irmã comeram apressados. Maria ria da forma gulosa com que seu irmão comia os biscoitos, e dava risada. João ralhou a irmã e disse:
-fica quieta, Maria, que a velha escuta e vem atrás de nós.
Mas Maria continuava a rir. Não tardou e apareceu a velha. Ela sorriu e exclamou:
- Venham aqui. Venham aqui, crianças. Eu vou matar uma leitoa para assar. Querem ver como se faz?
As duas crianças entraram na casa. Mais que rápido a velha apanhou os dois e trancou dentro de uma caixa. Diariamente lhes dava muitos biscoitos para eles engordarem rápido. Ela dizia:
-dá o minguinho, João. Quero ver se seu minguinho já está gordinho.
Mas o que o menino mostrava pra velha era uma rabo de rato. A velha olhava para aquilo, suspirava e dizia a contragosto:
-Ih! Tá magrinho, magrinho.
Maria, danada que era, soltou o rato,e João teve   eu mostrar o seu dedo minguinho. Quando a velha novamente ordenou:
- Dá o minguinho, João. Quero ver se o seu minguinho já esta gordinho.
Olhou pro dedo do menino e exclamou satisfeita:
- Agora sim tá gordinho, gordinho.
Tirou o João e Maria da caixa e mandou as crianças irem buscar lenha no mato dizendo:
- Vou fazer um fogaréu para assar a leitoa.
Ao chegarem no mato João e Maria encontraram outra velha. Era a Nossa Senhora, mas isso eles não sabiam. Ela se aproximou carinhosamente e falou:
- Aonde vocês vão, meus netinhos?
- Vamos apanhar lenha pra vovozinha. Ela vai assar uma leitoa.
- Não é uma leitoa que ela vai assar. São vocês. Escutem só : ela vai mandar vocês fazerem um fogo e mandarem vocês dançarem em volta dele. Diga que não sabem e peça para ela mostrar como se faz. Nesse momento empurrem a velha na fogueira. Quando estourar a cabeça gritem: “cocô-rompe-ferro”. Quando estourar um peito: “ cocô-gigante”, e quando estourar o outro peito: “cocô-corta-vento”.
Lá foram as crianças com a lenha, fizeram a fogueira,e quando a velha mandou que as crianças dançassem so redor eles responderam:
- Nós não sabemos como se dança, avozinha. Mostre para a gente como se faz.
Ela resmungou e começou a dançar. Rapidamente as crianças empurraram a velha nas brasas. A cabeça da velha deu um estouro e eles gritaram:
- Cocô-rompe-ferro.
E apareceu um cachorro bem grande.estourou um peito:
- Cocô-gigante.
Outro cachorro grandalhão. Estourou o outro peito:
- Cocô-corta-vento, e outro cachorro surgiu.
Foi isso que aconteceu. Os três cachorros receberam um pedaço de pão, e enquanto a velha assava, ela gritava:
-Água meus netos.
E as crianças.
- Azeite minha avó.
E jogava azeite na velha.
- Água meus netos.
- Azeite minha avó.
 A velha morreu. Eles saíram pelo mundo seguidos pelos três cães. Lá pelas tantas Maria ficou com sede e ordenou que João fosse buscar água num poço fundo. Ele desceu pelo cipó e ordenou:
- Quando eu puxar o cipó você me sobe.
Maria era uma menina muito má; por isso, quando João sacudiu o cipó, ela não puxou o irmão para cima. Deixou o coitado dentro do buraco. Passou por ali o caipora e levou Maria com ele. Enquanto isso os três cachorros foram cavando, cavando, ate abrirem uma valeta que chegava ate o poço, por onde João pôde sair. O Menino procurou pela irmã, mas não a encontrou. Anda que anda encontrou uma moça, a filha do rei, à beira do rio, porque ia ser devorada por uma serepente-de-sete-cabeças.
Todos os dias, naquela aldeia, era enviada uma moça para servir de alimento ao monstro. Caso ele não recebesse a vítima devoraria todos os moradores da aldeia. A moca que foi a sortuda do dia exclamou:
- Vai embora, Joãozinho. Se a serpente lhe encontra ela lhe devora.
Mas João decidiu ficar e enfrentar o monstro. A princesa chorou e uma lagrima caiu no roso de João. Ele acordou e matou a serpente. Os cachorros ajudaram. A princesa cortou as sete línguas da serpente, amarrou-as num lenço e ofereceu-as para o João, que foi embora. No caminho encontrou Maria e o caipora, que quis comê-lo. João disse:
- Ainda não. Espere-me dar três gritos.
O menino subiu numa arvore bem alta e gritou:
-  Cocô-gigante. Cocô-corta-vento. Cocô-rompe-ferro.
Mas Maria, danada que era tinha tampado os ouvidos dos cachorros co cera e eles não escutaram o chamado de João. O caipora começou a sugar a arvore, que foi se curvando, curvando. Nesse momento os cachorros conseguiram tirar os tampões do ouvido e salvaram João das garras do caipora. Passou por lá, naquele momento, um negro que roubou o lenço com as línguas da serpente. Foi ao castelo do rei se dizendo o salvador da sua filha. O rei respondeu:
- Ah, então você casa com ela.
Apareceu a princesa que tentou desmascarar o bandido:
- Não, papai, não foi ele que matou a serpente, foi o João.
O rei não acreditou na filha e ela teve que se casar com o negro. Realizou-se o casamento e foram todos para o banquete. Quando a princesa fez seu prato, eis que surge Cocô-rompe-ferro. Ele pega o prato da princesa e tenta levar para João. Mas os soldados prenderam o cachorro. Veio Cocô-gigante que também foi preso. A princesa dizia:
- É o cachorro do João. É o cachorro do João. Sigam este cachorro. Nós vamos encontrar quem me salvou. Foi ele que matou a serpente.
Seguiram Cocô-corta-vento e chegaram ate onde estava João. Disseram que ele deveria casar com a princesa, mas João se esquivava dizendo que estava muito sujo. O rei mandou uma roupa muito bonita para ele e João casou com a princesa.
Sabe o que fizeram com o impostor? Pegaram cinco mulas chucras e amarraram uma perna do negro no rabo da mula; o mesmo fizeram com os braços e com a cabeça do homem. Depois soltaram as mulas.....
E João tá lá, vivendo até hoje, que é uma beleza.
Esta é uma historia, que propusemos pras cursistas trabalhar com suas turmas mostrando esta versão e as varias outras que existe.

      


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