Isabela Mendes
Samara Ferreira
No conto clássico “a princesa e o sapo” é mostrada uma princesa submissa a vontade dos outros. Sua bola cai no lago e para recuperá-la promete um beijo ao sapo, mas quando a bola lhe é devolvida, ela sai correndo e não o beija. O sapo vai atrás, e faz de tudo para conseguir o que a princesa lhe prometera. Ao descobrir isso, o seu pai, o rei a obriga a beijá-lo, ele vira um príncipe e eles se casam. Assim, a princesa foi obrigada a fazer o que não queria, apenas para cumprir sua palavra, não importando a sua vontade. Haveria de ter uma lição de moral para mostrar que quando cumprimos nossas palavras coisas “boas” acontecem, como a princesa achar seu príncipe encantado.
No filme “A princesa e o sapo”, a protagonista Tiana, é uma menina de família pobre, e desde criança seus pais a ensinaram que se quisesse alguma coisa na vida tinha que trabalhar duro para conseguir. Ela cresceu com isso, se torna uma jovem independente, trabalhadeira e com o sonho antigo de seu pai de abrir um grande restaurante, pois cozinhava muito bem. Em função desse sonho Tiana se priva das diversões e dos romances, apenas trabalha para juntar o dinheiro necessário para abrir seu restaurante. Até ai tudo bem, ela é uma jovem comum tentando realizar seu sonho, então aparece um príncipe em forma de sapo e a narrativa passa a ser uma história de amor igual a outros contos clássicos que a Disney adaptou. Ainda assim, essa personagem que se torna princesa depois de se casar com o príncipe traz algumas quebras desses contos clássicos comuns, em primeiro lugar ela é negra. É independente, e mesmo depois de casada não se sujeita em ser apenas a princesa, trabalhando junto com seu marido, constrói o seu próprio negócio realizando assim o seu sonho, e do seu pai.
Ainda assim com esses avanços, aparece implicitamente alguns estereótipos quanto a etnia da personagem principal, o fato dela ficar sem pai, mesmo que ele apareça no início é algo que marca, pois, muitas vezes quando se retrata negros, os pais nem sempre estão presentes, em contraponto a personagem rica e branca tem um pai, mas não a mãe. Ainda há o fato de ser uma cozinheira de mão cheia, algo muito atribuído a povos de raízes africanas e por último ela é posta como a amiga pobre da moça rica, sugerindo assim uma dama de companhia.
No conto de fadas para mulheres do século XXI, fica extremamente nítido o comportamento da mulher moderna, livre e independente, aquela que sabe o seu valor, sabe que não precisa casar e formar família para ser feliz. Ainda mais ter que se submeter a homens como a rã do conto, que buscam muitas vezes uma empregada e não uma esposa, uma pessoa para cozinhar, passar e cuidar dos filhos, onde ele não precise fazer esforços para ter um casamento “feliz” para sempre. A princesa descrita no conto se basta, ela é antenada, sabe o que quer e não beija quem não está afim.
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